" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca
incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se
sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca,
ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e
imunizados. A mínima exposição a determinadas
circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis
recorrências e acabamos por arder na altíssima febre
de uma recidiva sem regresso nem apelo".
Rui Knopfli
domingo, 30 de agosto de 2009
You've Got a Friend
James Taylor e Carole King When you're down and troubled and you need a helping hand and nothing, whoa, nothing is going right. Close your eyes and think of me and soon I will be there to brighten up even your darkest nights.
You just call out my name, and you know where ever I am I'll come running to see you again. Winter, spring, summer, or fall, all you have to do is call and I'll be there, yeah, yeah, you've got a friend.
If the sky above you should turn dark and full of clouds and that old north wind should begin to blow, keep your head together and call my name out loud. Soon I will be knocking upon your door. You just call out my name, and you know where ever I am I'll come running to see you again. Winter, spring, summer, or fall, all you have to do is call and I'll be there.
Hey, ain't it good to know that you've got a friend? People can be so cold. They'll hurt you and desert you. Well, they'll take your soul if you let them, oh yeah, but don't you let them.
You just call out my name, and you know where ever I am I'll come running to see you again. Winter, spring, summer, or fall, all you have to do is call, Lord, I'll be there, yeah, yeah, you've got a friend. You've got a friend. Ain't it good to know you've got a friend. Ain't it good to know you've got a friend. Oh, yeah, yeah, you've got a friend.
É apenas o começo. Só depois dói, e se lhe dá nome. Ás vezes chamam-lhe paixão. Que pode acontecer da maneira mais simples: umas gotas de chuva no cabelo. Aproximas a mão, os dedos desatam a arder inesperadamente, recuas de medo. Aqueles cabelos, as suas gotas de água são o começo, apenas o começo. Antes do fim terás de pegar no fogo e fazeres do inverno a mais ardente das estações.
Je t'aime je t'aime Oh oui je t'aime! - Moi non plus. - Oh mon amour... - Comme la vague irrésolue Je vais je vais et je viens Entre tes reins Je vais et je viens Entre tes reins Et je Me re- Tiens
- Je t'aime je t'aime - Oh oui je t'aime! - Moi non plus. - Oh mon amour... Tu es la vague, moi l'île nue Tu vas tu vas et tu viens Entre mes reins
Tu vas et tu viens Entre mes reins Et je Te re- joins
Je t'aime je t'aime Oh oui je t'aime! - Moi non plus. - Oh mon amour... - Comme la vague irrésolue Je vais je vais et je viens Entre tes reins Je vais et je viens Entre tes reins Et je Me re- Tiens
Tu vas et tu viens Entre mes reins Et je Te re- joins
- Je t'aime je t'aime - Oh oui je t'aime! - Moi non plus. - Oh mon amour... L'amour physique est sans issue
Je vais je vais et je viens Entre tes reins Je vais et je viens Entre tes reins Je me retiens - Non! main- Tenant Viens!
Hello, Is there anybody in there Just nod if you can hear me Is there anyone at home Come on now I hear you're feeling down I can ease your pain And get you on your feet again Relax I'll need some information first Just the basic facts Can you show me where it hurts
There is no pain, you are receding A distant ship smoke on the horizon You are coming through in waves Your lips move but I can't hear what you're saying When I was a child I had a fever My hands felt just like two balloons Now I've got that feeling once again I can't explain, you would not understand This is not how I am I have become comfortably numb
O.K. Just a little pin prick There'll be no more aaaaaaaah! But you may feel a little sick Can you stand up? I do belive it's working, good That'll keep you going through the show Come on it's time to go.
There is no pain you are receding A distant ship smoke on the horizon You are only coming through in waves Your lips move but I can't hear what you're saying When I was a child I caught a fleeting glimpse Out of the corner of my eye I turned to look but it was gone I cannot put my finger on it now The child is grown The dream is gone And I have become Comfortably numb.
"What good is sitting alone In your room? Come hear the music play. Life is a Cabaret, old chum, Come to the Cabaret.
Put down the knitting, The book and the broom. It's time for a holiday. Life is a Cabaret, old chum Come to the Cabaret.
Come taste the wine, Come hear the band. Come blow a horn, Start celebrating; Right this way, Your table's waiting.
What good's permitting Some prophet of doom To wipe every smile away. Life is a Cabaret, old chum, So Come to the Cabaret!
I used to have a girlfriend Known as Elsie, With whom I shared A four sordid rooms in Chelsea She wasn't what you'd call a blushing flower... As a matter of fact she rented by the hour.
The day she died the neighbors Came to snicker: "Well, that's what comes from too much pills and liquor." But when I saw her laid out like a Queen, She was the happiest... corpse... I'd ever seen.
I think of Elsie to this very day. I remember how she'd turn to me and say: "What good is sitting all alone in you room? Come hear the music play. Life is a Cabaret, old chum, Come to the Cabaret.
And as for me, And as for me, I made my mind up, back in Chelsea, When I go, I'm going like Elsie.
Start by admitting, From cradle to tomb It isn't that a long a stay. Life is a Cabaret, old chum, It's only a Cabaret, old chum And I love a Cabaret.
E mangusso laurentino que se prezasse, não perdia esta estreia!
A seguir, podia ser uma passagem pela "Cave" e "Tamila", que tal?
.................................................................................... Feita de lavras em pousio e esperança adiada pertencemos todos a esta áfrica lusitana que pelas outras se expandiria. Por estas andámos perdidos, ignorando então que a passagem obrigava ao regresso. ...................................................................
Prédio na esquina da Av. António Enes com a Massano de Amorim, Lourenço Marques
Mural em pedra da "Casa do Dragão", Lourenço Marques
Estação de serviço do Hotel Polana, Lourenço Marques
Prédio "Leão que ri"
Lourenço Marques
Termina no próximo dia 16 a exposição da vida e obra do Arquitecto "Pancho" Guedes (Amâncio d'Alpoim Miranda Guedes) no Museu Colecção Berardo, intitulada "Vitruvius Mozambicanus".A não perder, além disso, "Pancho" anda sempre por lá, com delicadeza e simpatia.
Rosas inglesas rosa-pálido tingido de alvura, gravatas Lanvin e Ricci. Na mão a demorada taça do ordálio, ouro velho e insidioso, doce cheiro a fumo. Objectos familiares, ténues, difusas
lembranças de longe. Um crânio de ébano negrejando entre a luz e a garrulice do barro artesanal, o cio magoado da voz fadista. A ilha ao sol, ao sonho, amortalhada na distância.
O cajueiro e a mafurra, micaias agrestes, panoramas da infância, dolorosos, esbatidos fantasmas de outro tempo, agigantados em olmos e castanheiros na oval cinzenta
do No Man's Common. Livros por abrir dormitando na poeira, o gráfico anguloso do horóscopo, retratos, memória paralisando o instante esquecido. A mulher de passagem,
velo fulvo, debrum para o azul lavado do olhar, perfil mitigando a vacilante modorra do entardecer. Alongada curva do flanco retraindo-se sob a experimentada carícia antiga
dos dedos cansados. Toda a memória inflectindo o gesto, o gesto já só memória que de si mesma se desprende e afasta, conjecturando, indolor, a paisagem neutra dos dias que se avizinham ermos.
O Xico fez trint'anos inda outro dia. eu disse-lhe:
Ó Xico! estamos velhos!
Parece que foi ontem o tempo do liceu. O Zandamela quando chegou a minha casa era um miúdo a quem nós pregávamos partidas,
depois foi abrindo os olhos, aprendendo e às tantas, até fazia de piloto e tal.
Ó Xico, que belos tempos,
e de repente
estamos com trint'anos. Não demos por nada, não demos por tal, não adivinhávamos. Súbito começámos a aperceber-nos das coisas e das cores nas coisas. Era tudo belo por princípio: As brincadeiras malucas. o riso desordenado, as terríveis aventuras, as incursões até às Lagoas, as más notas todo o fim de período, e a paisagem certamente. .......... .......... ..........
Nós com trint'anos, o Amadeu com banca de advogado, uns no comércio, nas gasolineiras, em bancos, outros no mato e tantos dispersos pelas europas, e esta sensação de vazio e imposibilidade dentro de nós. Pois bem, tínhamos descoberto isto: A evidência de que algo terminara de facto e de que tudo se reorganizara, se transformara lentamente,
através da adolescência dos primeiros anos de maturidade.
......... ......... ..........
Eu disse isto ao Xico, e foi como se cá dentro se partisse qualquer coisa, porque há muito pensava nisto, mas não o havia concretizado, nem o dissera ainda a ninguém; como uma corda de guitarra esticada de mais que se quebrasse
sem um som, sem um gemido, sem um ai,
mas abrindo uma ferida funda. O Xico sorriu com aquele sorriso triste e inteligente, um sorriso a dizer-me que já sabia tudo. Em silêncio, depois, sentou-se ao piano e pousando nas teclas as mãos compridas como asas feriu alguns acordes do adágio da Patética. Calou-se, então. Calou-se e sorriu de novo. ...... ...... .......
Porque o Xico, morreu anteontem à tarde e foi a enterrar ontem à tardinha, num dia de sol claro e céu muito azul.
E, com a nitidez dos matizes e a verdade de estarmos descentrados da nossa louca invulnerabilidade, fui acompanhá-lo. Com os meus cabelos brancos ainda poucos e ainda jovens e os trint'anos sem ilusões, na tarde de sol claro e céu muito azul, onde apenas ocorria este facto de o sol estar claro e o céu muito azul, fui dizer-lhe adeus.
" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca
incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se
sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca,
ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e
imunizados. A mínima exposição a determinadas
circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis
recorrências e acabamos por arder na altíssima febre
de uma recidiva sem regresso nem apelo".
Rui Knopfli