Um Voo Cego A Nada...

" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo". Rui Knopfli

sábado, 5 de setembro de 2009

À Menina


Foto Petra Nemcova

"Quando te sentires perdida
fecha os olhos e sorri.
Não tenhas medo da Vida
que a Vida vive por si.
Tu és como a doce brisa,
a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
Tu és como a água clara,
a fofa nuvem e o sol agudo.
A tua inocência sabe tudo."
MD

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Índico



Olhar perdendo,
Pensamento vagueando,
Corpo esquecendo,
Tempo passando.
Gosto de olhar para o mar.

MD



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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Vida


Foto Louis Abelard

Sonhar ……é preciso.
É a base da VIDA.
É vaguear por caminhos conhecidos,
Com uma meta a atingir.
É atrever-se por outros, desconhecidos,
Com um alvo a perseguir.
É saltar de uma janela e correr…….
E, mesmo sem ter um rumo qualquer,
Fazer do impossível, o possível,
Quando e como quiser.
Não é preciso riqueza,
Cultura, nem classe social.
É só ter a arte de desenhar,
De saber tornar real,
O tudo e o nada,
Num tempo e num lugar.

MD

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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Índico



Olhar perdendo,

Pensamento vagueando,

Corpo esquecendo,

Tempo passando.

Gosto de olhar para o mar.



MD



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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ó Terra dividida


Foto daqui


Tornaste-te Independente.
Mas mesmo assim não esqueci
O sal que resta nas minhas mãos
Como nas praias fica o perfume
Quando a maré desce e se retrai.

De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: em mim não tem abrigo.
De ti não calo: mundo antigo,
pois nasces e morres em cada madrugada.

Não teimem, não insistam, não repitam.
Deixem-me viver como quem, teimando, insiste,
E, porque insiste,
Repete o tempo, no silêncio dos tempos,
Para que outros não ouçam.

MD


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terça-feira, 10 de junho de 2008

Prospero's Speech (... em Dia da Raça)




Loreena McKennitt



ILHA DE MOÇAMBIQUE, "ILHA DE PRÓSPERO", "ILHA DE CALIBAN"


Ilha Dourada


A fortaleza mergulha no mar
os cansados flancos
e sonha com impossíveis
naves moiras.Tudo mais são ruas prisioneira
se casas velhas a mirar o tédio.
As gentes calam na voz
uma vontade antiga de lágrima
se um riquexó de sono
desce a Travessa da Amizade.
Em pleno dia claro
vejo-te adormecer na distância,
Ilha de Moçambique,
e faço-te estes versos
de sal e esquecimento.


Rui Knopfli




Ilha de Moçambique


Não é a pedra.
O que me fascina
é o que a pedra diz.

A voz cristalizada,
o segredo da rocha rumo ao pó.


E escutar a multidão

de empedernidos seres
que a meu pé se vão afeiçoando.

A pedra grávida
a pedra solteira,
a que canta, na solidão,
o destino de ser ilha.
O poeta quer escrever
a voz na pedra.

Mas a vida de suas mãos migra
e levanta voo na palavra.

Uns dizem: na pedra nasceu uma figueira.

Eu digo: na figueira nasceu uma pedra.


Mia Couto



Ilha do meu alento, de Moçambique


Sei de cor,

Cada curva do teu corpo,

Os passos dos teus caminhos,

As sombras das tuas árvores e casario.

Sei de cor,

Cada dança das tuas ondas,

As carícias do teu vento,

Os cheiros da tua maresia.

Sei de cor,

Cada tom da cor do teu mar,

O calor e brilho do sol dos teus dias,

O luar e as estrelas das tuas noites.

Sei de cor,

Cada limite do teu horizonte,

A voz das tuas gentes,

A brandura das tuas horas.

Sei de cor,

A imagem do meu tempo.

Neste meu exílio sereno,

Onde tomei tamanho de gente.

Sei de cor,

Cada lágrima do teu rosto,

As angústias do teu olhar,

Os silêncios do tua voz,

A imagem de outro tempo!

E o que não sei de cor

Adivinho a sonhar.

Se me disserem que sou louca,

Logo minha voz com firmeza desmente.

Mas se for, tanto melhor!


MD



Pedras da Minha Terra


Valeu a pena escutar,

Valeu a pena a contemplação,

Das pedras da Minha Terra.

Acomodada num canto da nostalgia

Aqueci-me no manto da infância.

Deixei escorregar as saudades pelas pedras,

Fiz versos com gentil candura,

E reparei, que outrora,

Fabricava sonhos, era feliz e não sabia.

Mas as pedras,

Mostraram-me o avesso da brandura,

A sagrada maldição.

As pedras são tempo.

É nas pedras,

Que o tempo amanhece e esmaece,

É nas pedras que o tempo se escreve.

Em que lugar destas pedras,

Em que tempo distante

Eu me confundi?




MD



(actualizado em 21-06-08)

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Now playing: Zito - Hambanine

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sexta-feira, 2 de maio de 2008

VIVER é uma ARTE



Minhas ILUSÕES são traquinas.

Melhor, encabritadas.

Brincam com a REALIDADE.

De tal modo rodopiam em seu redor

Que ela por vezes,

Zanga-se de verdade.

E dá-lhes umas palmadas.

Eu ouço e vejo.

Ou sou juiz, ou não digo nada.

As ILUSÕES, são minhas e constantes,

Tomam sempre o meu partido

Mesmo que não tenha razão.

Repetem vezes sem conta,

Que, quem vive sem ilusão,

É um Ser vazio e condenado.

A REALIDADE não é minha,

Não me pertence,

Sem demoras e com dureza,

Dividida em mil pedaços,

Mostra-me suas verdades

E por vezes dou-lhe razão.

Repete-me vezes sem conta,

Que, quem vive com ilusão,

É um Ser pobre e alucinado.

E neste rodopio constante

Traduzir uma na outra

É um jogo de equilíbrio, é uma arte.


MD




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Now playing: Pedro Abrunhosa - Quem Me Leva Os Meus Fantasmas
via FoxyTunes

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domingo, 20 de abril de 2008

Pedras da Minha Terra



Valeu a pena escutar,

Valeu a pena a contemplação,

Das pedras da Minha Terra.

Acomodada num canto da nostalgia

Aqueci-me no manto da infância.

Deixei escorregar as saudades pelas pedras,

Fiz versos com gentil candura,

E reparei, que outrora,

Fabricava sonhos, era feliz e não sabia.

Mas as pedras,

Mostraram-me o avesso da brandura,

A sagrada maldição.

As pedras são tempo.

É nas pedras,

Que o tempo amanhece e esmaece,

É nas pedras que o tempo se escreve.

Em que lugar destas pedras,

Em que tempo distante

Eu me confundi?


MD

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sábado, 12 de abril de 2008

S. Leonardo da Galafura III




"A palavra "Galafura" deriva de Galafre, o nome de um rei

mouro que há muitos, muitos séculos atrás viveu com o seu povo

no local onde hoje se ergue a freguesia. Até que um dia, o rei

mouro e o seu povo foram expulsos pelos cristãos e tiveram que

fugir para a outra margem do rio Douro. E D. Mirra ficou no

palácio, situado no monte de São Leonardo, encantada por seu

pai.

Conta o povo que durante o dia, D. Mirra se passeia pelo mato

que cobre o monte, em forma de serpente. À noite, recolhe-se

na gruta, cuja entrada é guardada por dois dragões ("dois

monstruosos lagartos"), à espera que um homem jovem e valente

quebre o feitiço. E que precisa ele de fazer? Nada mais do

que, ao bater da meia-noite do primeiro dia de Janeiro,

enfrentar e matar os dois dragões. Uma vez cumprida essa

tarefa, a bela D. Mirra entregar-se-á em sôfrego acto de amor

no silêncio da noite e à luz do luar. Quebrado, por fim, o

encanto, a pequena gruta abre-se, mostrando a antecâmara de um

luxuoso palácio subterrâneo, onde D. Mirra e o seu jovem

príncipe viverão felizes para sempre."

MD

(clicar nas imagens para dimensão real)



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sábado, 15 de dezembro de 2007

Sonho



"Se um dia o sonho se cumprir,
Compro uma Ilha.
Não muito longe do litoral,
Nem muito perto.
Ficará no justo ponto de latitude e longitude,
Onde protegida de ventos, sereias e pestes,
Não me afaste muito dos Humanos.
Quero ter a arte do bem viver,
Uma fuga relativa,
E não uma estouvada confraternização.
E só de imaginar já me considero sua habitante.
Gostava que tivesse uma ponte
Que não tivesse de desdizer"

MD

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