" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca
incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se
sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca,
ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e
imunizados. A mínima exposição a determinadas
circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis
recorrências e acabamos por arder na altíssima febre
de uma recidiva sem regresso nem apelo".
Rui Knopfli
domingo, 31 de janeiro de 2010
31 de Janeiro
Hino da Maria da Fonte
Viva a Maria da Fonte Com as pistolas na mão Para matar os cabrais Que são falsos à nação
É avante Portugueses É avante não temer Pela santa Liberdade Triunfar ou perecer
É avante Portugueses É avante não temer Pela santa Liberdade Triunfar ou perecer
Viva a Maria da Fonte A cavalo e sem cair Com as pistolas à cinta A tocar a reunir
É avante Portugueses É avante não temer Pela santa Liberdade Triunfar ou perecer
Lá raiou a liberdade Que a nação há-de aditar Glória ao Minho que primeiro O seu grito fez soar
É avante Portugueses É avante não temer Pela santa Liberdade Triunfar ou perecer
Completam-se hoje 58 anos da estreia de "Uma Casa Portuguesa", foi em Lourenço Marques no Teatro Manuel Rodrigues, cantou-a pela primeira vez a artista angolana Sara Chaves, a letra e a música dos moçambicanos, Reinaldo Ferreira, Vasco Matos Sequeira e Artur Fonseca.
Entretanto a vida constrói-se, é um facto. O edifício ainda se não vê, mas os alicerces ocultos estão sólidos e profundos e operários silenciosos, de rosto obscuro, deslizam neles com uma eficiência anónima e implacável.
Gente ainda ignorada, sem importância aparente, move com precisão a pá e o tijolo. Gente que ignora certamente estes versos mas sabe de toda a poesia que há neles, porque a poesia está implícita nos movimentos que traça.
Gente ainda sem nome aqui e com que ninguém se importa, mas que importa a toda a gente
Well I think it's fine, building jumbo planes. Or taking a ride on a cosmic train. Switch on summer from a slot machine. Get what you want to if you want, 'cause you can get anything.
I know we've come a long way, We're changing day to day, But tell me, where do the children play?
Well you roll on roads over fresh green grass. For your lorryloads pumping petrol gas. And you make them long, and you make them tough. But they just go on and on, and it seems you can't get off.
Oh, I know we've come a long way, We're changing day to day, But tell me, where do the children play?
When you crack the sky, scrapers fill the air. Will you keep on building higher 'til there's no more room up there? Will you make us laugh, will you make us cry? Will you tell us when to live, will you tell us when to die?
I know we've come a long way, We're changing day to day, But tell me, where do the children play?
O medo vai ter tudo pernas ambulâncias e o luxo blindado de alguns automóveis Vai ter olhos onde ninguém o veja mãozinhas cautelosas enredos quase inocentes ouvidos não só nas paredes mas também no chão no tecto no murmúrio dos esgotos e talvez até (cautela!) ouvidos nos teus ouvidos
O medo vai ter tudo fantasmas na ópera sessões contínuas de espiritismo milagres cortejos frases corajosas meninas exemplares seguras casas de penhor maliciosas casas de passe conferências várias congressos muitos óptimos empregos poemas originais e poemas como este projectos altamente porcos heróis (o medo vai ter heróis!) costureiras reais e irreais operários (assim assim) escriturários (muitos) intelectuais (o que se sabe) a tua voz talvez talvez a minha com a certeza a deles
Vai ter capitais países suspeitas como toda a gente muitíssimos amigos beijos namorados esverdeados amantes silenciosos ardentes e angustiados
Ah o medo vai ter tudo tudo (Penso no que o medo vai ter e tenho medo que é justamente o que o medo quer)
O medo vai ter tudo quase tudo e cada um por seu caminho havemos todos de chegar quase todos a ratos
Sim a ratos
Alexandre O'Neill
Esta posta, vem a propósito das reacções a uma outra, aliás excelente, do jpt. Seguem-se os próximos capítulos...
Foto Digital no Índico Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.
Saying "I love you" Is not the words I want to hear from you It's not that I want you Not to say, but if you only knew How easy it would be to show me how you feel More than words is all you have to do to make it real Then you wouldn't have to say that you love me Cos I'd already know
What would you do if my heart was torn in two More than words to show you feel That your love for me is real What would you say if I took those words away Then you couldn't make things new Just by saying "I love you"
More than words
Now I've tried to talk to you and make you understand All you have to do is close your eyes And just reach out your hands and touch me Hold me close don't ever let me go More than words is all I ever needed you to show Then you wouldn't have to say that you love me Cos I'd already know
What would you do if my heart was torn in two More than words to show you feel That your love for me is real What would you say if I took those words away Then you couldn't make things new Just by saying "I love you"
More than words More than words More than words More than words More than words More than words
Quem me dera ser plâncton. Ou ser como certas plantas, permanecer indiferente aos ventos e aos sóis, fazendo, sem os perigos do raciocínio, a minha diária fotossíntese, de que ignoraria o sabor. Ou ser como as amibas que se adaptam e se desdobram, em sucessivas mitoses, em centenas de outas amibas onde eu estaria autêntico, ou não estaria autêntico. Quem me dera passar desentendido e não ser entendido, átomo minusculo na poeira eléctrica da manhã, ausente, bem ausente deste coração e desta carne na sombra vigiada da alameda.
I met my old lover On the street last night She seemed so glad to see me I just smiled And we talked about some old times And we drank ourselves some beers Still crazy afler all these years Oh, still crazy after all these years
I'm not the kind of man Who tends to socialize I seem to lean on Old familiar ways And I aint no fool for love songs That whisper in my ears Still crazy afler all these years Oh, still crazy after all these years
Four in the morning Crapped out, yawning Longing my life a--way I'll never worry Why should I? It's all gonna fade
Now I sit by my window And I watch the cars I fear I'll do some damage One fine day But I would not be convicted By a jury of my peers Still crazy after all these years Oh, still crazy Still crazy Still crazy after all these years
" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca
incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se
sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca,
ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e
imunizados. A mínima exposição a determinadas
circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis
recorrências e acabamos por arder na altíssima febre
de uma recidiva sem regresso nem apelo".
Rui Knopfli