Mangas Verdes com Sal
Mangas verdes com sal
Sabor longínquo, sabor acre
da infância a canivete repartida
no largo semicírculo da amizade.
Sabor lento, alegria reconstituída
no instante desprevenido
na maré-baixa,
no minuto da suprema humilhação.
Sabor insinuante que retorna devagar
ao palato amargo,
à boca ardida,
à crista do tempo,
ao meio da vida.
Rui Knopfli, "Mangas verdes com sal", 1972, 2ª ed, LM, Minerva Central