São Leonardo da Galafura II
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À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
(clicar nas imagens para dimensão real)
Etiquetas: Miguel Torga, Poesia, Portugal, São Leonardo da Galafura
1 Comments:
Miguel Torga, Homem simples mas \"desconfiado\"
O prod�gio de uma paisagem que deixa de o ser � for�a de se desmedir.
N�o � um panorama que os olhos contemplam: � um excesso de natureza.
bj
MD
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