Um Voo Cego A Nada...

" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo". Rui Knopfli

terça-feira, 8 de abril de 2008

São Leonardo da Galafura




"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que o deixa de ser à

força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam:

é um excesso de natureza. Socalcos que são passadas de homens

titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que

nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes

dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo

virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno

pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se

atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes,

ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro.

Um poema geológico. A beleza absoluta.”


Miguel Torga, in “Diário XII "

(clicar nas imagens para dimensão real)

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

um espectaculo...

quinta-feira, 10 de abril de 2008 às 19:16:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Tenho pena de não conhecer esta maravilha, mas certamente não deixarei de lá ir brevemente

A palavra "Galafura" deriva de Galafre, o nome de um rei mouro que há muitos, muitos séculos atrás viveu com o seu povo no local onde hoje se ergue a freguesia. Até que um dia, o rei mouro e o seu povo foram expulsos pelos cristãos e tiveram que fugir para a outra margem do rio Douro. E D. Mirra ficou no palácio, situado no monte de São Leonardo, encantada por seu pai.


Conta o povo que durante o dia, D. Mirra se passeia pelo mato que cobre o monte, em forma de serpente. À noite, recolhe-se na gruta, cuja entrada é guardada por dois dragões ("dois monstruosos lagartos"), à espera que um homem jovem e valente quebre o feitiço. E que precisa ele de fazer? Nada mais do que, ao bater da meia-noite do primeiro dia de Janeiro, enfrentar e matar os dois dragões. Uma vez cumprida essa tarefa, a bela D. Mirra entregar-se-á em sôfrego acto de amor no silêncio da noite e à luz do luar. Quebrado, por fim, o encanto, a pequena gruta abre-se, mostrando a antecâmera de um luxuoso palácio subterrâneo, onde D. Mirra e o seu jovem príncipe viverão felizes para sempre.

bj
MD

sexta-feira, 11 de abril de 2008 às 22:52:00 WEST  

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