Haja névoa
Haja névoa!
Dancem os véus na minha alma
(E externos nas luzes próximas,
Que se recusam como estrelas na distância).
Haja névoa!
Paire nela a memória dos maníacos
Sonhando na penumbra dos portais
Assassínios brutais.
Haja, haja névoa!
Aqui e além no mar.
No mar, nos mares, para que todas as viagens,
Para que todos os barcos em todas as paragens,
Na iminência dos naufrágios improváveis
- Improváveis, possíveis -,
Se gastem nos avisos aflitos
Das luzes, dos rádios, dos radares,
Dos gritos
Dos apitos.
Haja, haja névoa...
Desgastem-se os contornos
Das coisas excessivamente conhecidas.
Não haja céu sequer.
Névoa, só névoa!
E eu, nas ruas distorcidas,
Livre e tão leve
Como se fosse eu próprio a névoa
Da noite longa duma existência breve.
Reinaldo Ferreira, “Poemas”, Livro I – Um voo cego a nada, Lourenço Marques, Imprensa Nacional de Moçambique, 1960.
Este blogue faz hoje quatro anos, é muito tempo para actividade de "copy & paste", a ideia inicial era, tão só (daí o titulo), colocar aqui as poesias de Reinaldo Ferreira, mas, amigos como a IO, Web e MD incentivaram-me a continuar, novos e fieis leitores e a constatação através dos motores de busca de alguma utilidade, fizeram o resto.
A todos o meu Obrigado.
Etiquetas: Moçambique, Poesia, Reinaldo Ferreira
5 Comments:
Muitos parabéns.
Parabéns. Continuem. O copy past com ...gindungo...anonas...continuem.
Armando,
Já lá vão quase 40 anos desde a Caetano Viegas, dos primeiros amores, as bulhas, o teu pastor alemão, eu sei lá...
É bom ver-te por aqui.
Obrigado
Abraço
cduxa,
Obrigado, é bom o incentivo, prometo continuar enquanto a imaginação não faltar...
Eh pá estás em vantagem. Não sei quem és, embora saiba agora que nos conhecemos da Caetano Viegas. Contacta-me! armandorocheteau@gmail.com
Abraço
Xiii, Fernando, e eu que não venho cá há tanto tempo... Caraças, que o stress do simplex nunca mais acaba!...
Oh, pá, não acabes e vai fazendo anos, tu e este blog onde me sinto no leaving a ler e a ouvir.
Parabéns aos dois,
um beijo para ti,
IO
A Caetano Viegas era uma espécie de praceta, não era? - os meus primos viveram na Praceta nos anos 60.
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