Contra a obscuridade
O olhar desprende-se, cai de maduro.
não sei que fazer de um olhar
que sobeja na árvore,
que fazer desse ardor
que sobra na boca,
no chão aguarda subir à nascente.
não sei que destino é o da luz,
mas seja qual for
é o mesmo do olhar: há nele
uma poeira fraterna
uma dor retardada, alguma sombra
fremente ainda
de calhandra assustada.
Eugénio de Andrade
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Etiquetas: Eugénio de Andrade, Poesia
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