Poema flácido
Foto Petra Nemcova
Estou farto de ouvir falar em sexo!
É sexo por tudo e por nada! Obsessão!
E até o mais lindo e bem dito poema
perde graça quando olhado assim!
Não perde verdade, não perde tesão.
Perde a graça de ser verdade, perde a sua ocasião.
O excesso é mais que fartura, é enfartamento.
É sexo por isto e por aquilo, é a ditadura
de ter de ser, acontecer, mandar,
forçar-nos - simplesmente não acontecer. Farta!
Mas como é lindo e é verdade, afinal ele comanda-nos
e a vida é a vida e é linda de se viver
lá vai um poema entesoado, coisa boa esta da tesão.
Afinal o poeta tem razão: o sexo comanda a vida.
E pese este enfartamento, este cansaço com a ditadura
do ter de ser – e já nem saber se quero ou sou obrigado a querer!
mando-te um pps bonito, este, deste que está cansado
de tanto sexo ver e ler (gosto do acontecer)
Gosto de ler palavras não explícitas que me incendeiem,
de ver um rasgo de carne descoberto
que sugira o que não se vê. Gosto de sexo.
Na verdade mais do sonhado, esses momentos
em que somos o que não somos pois a perfeição existe nos sonhos,
nos momentos em que o comando não é nosso mas sim da ilusão.
Afinal o sexo comanda-nos ou não?
Sei lá, que tenho momentos em que duvido,
de tanto dele ler e ver, que ainda tenha tesão!
Carlos Gil
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Now playing: The Beatles - The Fool On The Hill
via FoxyTunes
Etiquetas: Carlos Gil, Lourenço Marques, Moçambique
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