Quando as fachadas tumulares, de pardas
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Quando as fachadas tumulares, de pardas,
defendem sonolências impassíveis,
sou livre para as boémias intangíveis
e a noite intui-me cúmplices mansardas.
Franzino e ruivo o céu todo tem sardas
e atraente nudez de impossíveis.
Eu sou talvez pintor de nus horríveis
zombo dos mestres e odeio as fardas
Mas, mal estéril assoma o brilho frio
- que sempre a madrugada me frustrou
o contacto eminente ao fugidio -
Tenho medo de quem nocturno sou
da minha afinidade a um desvario
que outro mais casto, em mim, repudiou.
Reinaldo Ferreira, in "Poemas", Livro I - Um voo cego a nada
Etiquetas: Moçambique, Poesia, Reinaldo Ferreira
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