Um Voo Cego A Nada...

" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo". Rui Knopfli

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Oh! tarde de sábado britânica



Oh! tarde de sábado britânica,

Poema da rotina,

Prodígio do bem-estar...

Eu, que donde vou, latino e desgrenhado,

Intenso, irregular,

Apenas sei a vibração e o desânimo

(O sol excessivo e a sombra opaca),

Olho-te no deslumbramento

De quem se banha

E se deslumbra

Em penumbra.


Reinaldo Ferreira, “Poemas” Livro I - Um voo cego a nada