Um Voo Cego A Nada...

" Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo". Rui Knopfli

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Ilha do meu alento, de Moçambique



Sei de cor,

Cada curva do teu corpo,

Os passos dos teus caminhos,

As sombras das tuas árvores e casario.

Sei de cor,

Cada dança das tuas ondas,

As carícias das teu vento,

Os cheiros da tua maresia.

Sei de cor,

Cada tom da cor do teu mar,

O calor e brilho do sol dos teus dias,

O luar e as estrelas das tuas noites.

Sei de cor,

Cada limite do teu horizonte,

A voz das tuas gentes,

A brandura das tuas horas,

Sei de cor,

A imagem do mau tempo

Neste meu exílio terreno

Onde tomei tamanho de gente.

Sei de cor,

Cada lágrima do teu rosto,

As angústias do teu olhar,

Os silêncios do tua voz,

A imagem de outro tempo!

E o que não sei de cor

Adivinho a sonhar.

Se me disserem que sou louca,

Logo minha voz com firmeza desmente.

Mas se for, tanto melhor!


Autora Desconhecida