O escriba acocorado
Sentado na pedra de ti próprio,
não tens rosto, senão o que,
de anónimo, a ela afeiçoou
a mão que assim te quis. Do resto,
do que de individualidade, porventura,
em ti existiria, se encarregou
a persistente erosão dos dias. De vago,
neutro olhar sem órbitas, permaneces
hirto, fitando sempre mais além
da morna penumbra que te envolve
no halo intemporal que é, do tempo,
o nexo único. Nesse olhar
de não ver tudo se inscreve,
repensa e adivinha: teus limites
e, ainda, o que excederia tua humana
estatura. Sem contornos, em sombra
e sono te diluis no que, de ti,
nunca saberemos. Porém, límpida
e escorreita, até nós chega a laboriosa
escrita que no papiro ias lavrando.
Rui Knopfli
Etiquetas: Moçambique, Poesia, Rui Knopfli
2 Comments:
OLÉ !!!!!!!!!!!
Quanto trabalho, enquanto outros no larè !!!!!!!!
Continua, que vou fazer mesmo, porque isto de estar de papo ao sol .......
bj
MD
As maravilhas da tecnologia, fazem com que possamos deixar o "trabalho" alinhavado e gozar o Sol...
Beijinho
F
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